O Centro Cultural Olido, no centro da cidade de São Paulo, no Brasil, acolheu de 23 a 26 deste mês a segunda edição do "LiterÁfrica"- Encontro de Escritores Africanos e Afrobrasileiros, iniciativa do escritor angolano radicado naquela cidade, João Canda, com apoio da Prefeitura de São Paulo.
Adebayo Vunge foi um dos participantes do "LiterÁfrica", teve várias intervenções com base no livro “Pensar África” de sua autoria Fotografia: DR
A cidade "aqueceu" com inúmeros actractivos. Lançamento de livros, tertúlias, espectáculos musicais, entre outras actividades fizeram parte do evento, que homenageou o escritor moçambicano Pedro Pereira Lopes, com a outorga do prémio "Escritor Africano de Excelência 2019. O mesmo galardão foi outorgado, em 2018, à poetisa Amélia Dalomba.
Pedro Pereira Lopes apresentou, na ocasião, o novo livro de contos intitulado “A Invenção do Cemitério”, uma obra foi já lançada em Moçambique com o título “O Mundo que iremos Gaguejar de Cor”, na versão brasileira que inclui dois contos inéditos. Segundo o editor, o também escritor Escobar Franelas, a obra "é o ápice da maturidade desse autor, um infante terrível renovador e que se inova em cada obra que lança”. Pedro Pereira Lopes é autor de seis obras literárias, navegando entre literatura infantil, contos, poesia e romance. Em São Paulo, dissertou, também, sobre "A literatura e o Afrofuturismo em África" e tem em agenda a realização de uma oficina literária em Curitiba. A conferência contou com a participação de inúmeros representantes de diversos grupos do movimento negro/afro-brasileiro, com representantes do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e interior de São Paulo, entre escritores, académicos na área das letras, história, sociologia e docentes. Segundo João Canda, promotor da iniciativa, “é uma forma de estreitarmos os laços entre africanos e brasileiros, lembrando a ancestralidade da nossa civilização, consubstanciada, também, na oralidade e, principalmente, na escrita, de que o nosso continente é berço. Este laço entre Brasil e África pode ser sentido nas mais diversas manifestações culturais. África está presente no quotidiano dos brasileiros, embora persistam alguns tabus, sendo imperioso desmistificar e levar ao conhecimento mais real e equilibrado sobre o que se passa em África, tendo como premissa a história, a literatura e a midia”. />Afirmou ter sido propositada a escolha da data, coincidindo com o 25 de Maio. “É uma questão de identidade e de afirmação dos negros no Brasil, acima de tudo dos africanos no mundo. Doravante pretendemos que seja assim todos os anos”, disse. O jornalista e escritor Adebayo Vunge foi um dos convidados. Participou numa tertúlia em que teve várias intervenções em duas sessões, tendo como pretexto do seu último livro “Pensar África”. “Foi impressionante notar uma grande adesão e a sede das pessoas em perceber o que se passa em África, seja no campo sociológico como cultural e político”, destacou Adebayo Vunge, que recusa o afropessimismo, assumindo uma posição equilibrada, longe da euforia. “Vivemos um período de incertezas, não podemos ignorar a transformação estrutural que começa a ser notada em África”, disse. Entre escritores e autores africanos convidados, Habi Balogun (África do Sul), Ana Paula Fontainhas (Cabo-verde), Prosper Diganga (RDC), Eliseu Banori (Guiné Bissau), Sunday Inkeechi (Nigéria), e Gilbert Sèmako Kpossoubo (Benin). O evento serviu, igualmente, para a apresentação da colectânia de poesia “Cadernos Africanos – poemas afro-brasileiros”, 41º volume. É um movimento vanguardista que milita em favor da valorização da obra e produção literária de autores afrobrasileiros numa altura em que ainda subsiste algum preconceito. O projecto foi criado em 1978, pelos poetas Cuti (o que os brasileiros chamam Cutxhi) e Hugo Ferreira, e tem vindo a publicar, anualmente, contos e poesia. Na óptica da jornalista e poetisa Esmeralda Ribeiro, “a literatura se nutre da inquietação perante a realidade”. Jéssica Areias, angolana residente no Brasil há 17 anos, interpretou de forma brilhante clássicos da música popular angolana. João Sabiá e Charles Giéf apresentaram um repertório com músicas e letras de escritores africanos interpretadas pelos brasileiros Djavan, Martinho da Vila e Milton do Nascimento.
Fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao/cultura/dia-de-africa-aquece-cidade-brasileira-de-sao-paulo?fbclid=IwAR3w_gH9vITa3N1V2oHR0sTIp4eodkcU6GXVHONEwO_FxzjkKtZcUglKBII
Commentaires